terça-feira, 9 de março de 2010

DESPORTO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Desde longa data, que as atitudes face à problemática deficiência apresentam variações. Nos tempos mais antigos, as pessoas com deficiência eram marcados como “diferentes”, do ponto de vista morfológico ou funcional, e eram alvo de comportamentos desumanos e desrespeitadores da sua integridade moral. Hoje em dia, salvo algumas excepções, existem movimentos de apoio que originaram um conjunto de normas e políticas educativas e reabilitativas a favor da sua inclusão na sociedade.
A “Declaração Universal dos Direitos Humanos” referencia “o direito de todas as pessoas, sem qualquer distinção, ao casamento, à propriedade, a igual acesso aos serviços públicos, á segurança social e à efectivação dos direitos económicos, sociais e culturais”, que foi reconhecido, respeitando e protegendo a diversidade humana. Ao ser globalmente aceite como um valor humano fundamental, originou o aparecimento da “Declaração dos Direitos das Pessoas com Deficiência”.
Estes princípios de igualdade abriram caminho ao tratamento idêntico a todas as pessoas e o seu não cumprimento constitui um acto de discriminação.
Anteriormente referi que existiam excepções, pois não podemos considerar que a legislação e as políticas que promovem a igualdade consigam rectificar as desigualdades existentes. Nesta perspectiva, há quem afirme que a verdadeira igualdade nunca será alcançada através deste tratamento de igualdade para todos, esperando que as pessoas “diferentes” se adaptem unilateralmente às normas e padrões da auto-proclamada “corrente dominante”. Por isso, volta a afirmar que a verdadeira igualdade “implica que ambas as partes, pessoa com e sem deficiência, envidem esforços para colmatar a distância que as mantém separadas”. Para a verdadeira inclusão social deste grupo de indivíduos, o desporto é uma forma privilegiada de comunicação de diferentes culturas, sociedades e ideais, em que o seu desenvolvimento promove a igualdade de oportunidades. Esta que conduziu à criação e aprovação, por parte dos Estados, de políticas legislativas e orientadoras para a participação dos indivíduos com deficiência no âmbito desportivo, pois a partir do momento em que o acesso à prática desportiva se torna um direito de todos os cidadãos, independentemente da sua condição, os indivíduos deficientes beneficiam dessa mesma prática.
Sem me desviar do assunto principal, o desporto é muito importante para a vida de uma pessoa deficiente pois abrange vários estágios evolutivos:

® Desporto como terapia: estimula em termos anátomo-fisiológicos os pacientes com deficiência;
® Valor psicológico do desporto: permite ao individuo com deficiência demonstrar a si próprio – e à sociedade – que a sua condição não é sinónimo de invalidez;
® Normalização: contribui para que a (re)integração do indivíduo com deficiência na comunidade;
® Motivação para a prática desportiva: é talvez o aspecto mais importante para a obtenção de boas perfomances (ao estar motivado para a prática desportiva, o valor terapêutico, psicológico e o conceito de normalização estão implícitos).

O desporto para deficientes surgiu com o objectivo de recuperar física, psíquica e socialmente os indivíduos traumatizados vértebro-medulares provenientes da 1ª e 2ª Guerras Mundiais. Apesar de um indivíduo com deficiência ser aquele que apresenta incapacidade ou deformação de carácter definitivo ou de grande duração, a qual afecta as suas faculdades físicas, mentais ou fisiológicas, convertendo-o num indivíduo inapto para se dedicar a actividades desportivas em condições normais, isso, não invalida a expressões do desporto adaptado no seu carácter competitivo, organizado, institucionalizado e regulamentado.

A partir da “Carta Europeia do Desporto para Todos”: que estipula que “todo o indivíduo tem direito à prática desportiva” pelo que os seus efeitos são de 4 ordens:
® Fisiológicos: exploração dos limites articulares, controlo do movimento voluntário, melhoria da aptidão física geral e da saúde;
® Psicológicos: domínio do gesto que conduz a um aumento de autoconfiança, redução da ansiedade e melhoria da comunicação;
® Sociais: contribuição para o desenvolvimento da autonomia e da reintegração social;
® Terapêuticos: como complemento da terapia física e exercício curativo.

No caso de pessoas em cadeira de rodas encontramos outros benefícios:
® Favorece a autonomia locomotora na cadeira de rodas;
® Aperfeiçoa a técnica de manejo da cadeira de rodas;
® Estimula as funções de tronco e dos membros superiores;
® Promove a iniciação e o aperfeiçoamento desportivo em cadeira de rodas.

O desporto é, assim, “um meio óptimo para retirar a pessoa com deficiência da sua inactividade e fraca iniciativa, permitindo assim a sua melhor integração social”.
Relativamente aos seus níveis, para os jovens, o desporto é uma forma de aceitação da relação com os outros, assim como de maximização das suas potencialidades; nos adultos é, fundamentalmente, ocupação de tempos livres e manutenção da condição física e bem-estar; ao nível da competição, poderá contribuir para a abertura de novas perspectivas/horizontes, bem como, tornar-se num excelente veículo de reconhecimento social.


Este documento é fruto de uma análise de um estudo feito a praticantes de Basquetebol em cadeira de rodas, em que o tema era “deficiência e sociedade”. Respeitando os direitos de autor, queremos desde já salientar que ao analisarmos esse estudo, o achámos muito pertinente para a sua divulgação no nosso blogue de uma forma mais sintetizada.

"“Deficiente” é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino."

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